quinta-feira, 31 de julho de 2008

A ciência e a lógica explicam Deus - Uma tese que sempre busquei - II

Navegando, lendo blogs sobre religião e outros sobre física (postarei um vídeo logo depois), deparei-me com o Princípio Antrópico. É uma explicação fantástica, perfeitamente coerente com o que eu vinha pensando. E ler a matéria foi muito empolgante para mim. É o que segue:

princípio antrópico

Baseado em tudo o que sabemos atualmente sobre cosmologia e física fundamental, a visão mais parcimoniosa e coerente do universo como o conhecemos é uma visão natural, sem que as observações científicas ofereçam nenhum sinal de desígnio ou criação proposital. --Victor Stenger
As chances contra nós eram astronômicas. -- George Will
Princípio antrópico é a crença, por parte de alguns físicos, de que seja virtualmente impossível que numerosos fatores no início do universo, que teriam de ser coordenados de forma a produzir um universo capaz de sustentar formas avançadas de vida, pudessem ser obra do acaso. Essa crença é tida por alguns como boa evidência de que este universo foi provavelmente criado por um ser muito poderoso e inteligente (provavelmente chamado Deus). Se a massa do universo e as intensidades das quatro forças básicas (eletromagnetismo, gravidade e forças nucleares forte e fraca) fossem diferentes, ou se não tivessem passado por "ajuste fino" para trabalhar em conjunto da forma que o fazem, o universo, como o conhecemos, não existiria. Um delicado equilíbrio de constantes físicas é "necessário para que o carbono e outros elementos químicos após o lítio, na tabela periódica, sejam produzidos nas estrelas". * Resumindo, é preciso que muitas coisas aconteçam em conjunto para existirmos (as chamadas "coincidências antrópicas"). Aparentemente, alguns físicos acham estranho existirmos justamente no momento da história do universo em que poderíamos existir.
O físico Victor Stenger resume o princípio antrópico desta forma:
... a vida terrestre é tão sensível aos valores das constantes fundamentais da física e às propriedades do ambiente que mesmo a menor mudança em qualquer delas significaria que a vida, como a vemos ao nosso redor, não existiria. Diz-se que isso revelaria um universo no qual as constantes físicas da natureza são perfeitamente ajustadas e delicadamente balanceadas para a produção da vida. Segundo o argumento, são muito pequenas as chances de que qualquer conjunto inicialmente aleatório de constantes correspondesse ao conjunto de valores que elas têm em nosso universo. Logo, é excessivamente improvável que esse ato de equilíbrio preciso seja resultado de um acaso irracional. Em vez disso, um Criador inteligente, e certamente pessoal, provavelmente fez as coisas, de propósito, do jeito que são. (Para uma boa visão geral dos detalhes do suposto ajuste fino, veja o artigo de Stenger "As Coincidências Antópicas: Uma Explicação Natural").
Nós não existiríamos e não seríamos conscientes do mundo ao nosso redor se ele não fosse compatível com nossa existência. Ou, como diz o físico Bob Park: "Se as coisas fossem diferentes, as coisas não seriam do jeito que as coisas são".
Outra forma de descrever o princípio é popular entre os que esperam que a ciência pare de martelar sua fé:
Os físicos tropeçaram em sinais de que o cosmo foi feito sob medida para a vida e a consciência. Descobriu-se que, se as constantes da natureza - números imutáveis, como a força da gravidade, a carga de um elétron e a massa de um próton - fossem minimamente diferentes, átomos não se manteriam juntos, estrelas não brilhariam e a vida jamais teria surgido. (Sharon Begley, Newsweek, July 1998.)
Sim. Se as coisas tivessem sido diferentes, não estaríamos aqui. Mas não foram, e nós estamos. De qualquer forma, até onde eu sei, se uns poucos neurotransmissores estivessem ao norte ao invés de ao sul no meu cérebro, eu estaria proclamando que a física prova que Maomé é o profeta de Deus. Mas eles não estão, e eu não estou. Além disso, se as coisas fossem diferentes, seriam diferentes. De qualquer forma, a improbabilidade de algo que já aconteceu é um tanto enganosa e, enfim, irrelevante. Como diz John Allen Paulos:
... a raridade, por si só, não é necessariamente evidência de nada. Quando alguém recebe uma mão de bridge de 30 cartas, a probabilidade de que tenha recebido aquela mão específica é de menos que uma em 600 bilhões. Mesmo assim, seria absurdo que alguém recebesse aquelas cartas, examinasse com cuidado, calculasse que a probabilidade de recebê-las seria menor que uma em 600 bilhões e então concluísse que não recebeu exatamente aquela mão, já que é tão improvável. (Innumeracy: Mathematical Illiteracy and its Consequences)
Seria ainda mais absurdo declarar que um milagre deve ter acontecido e que uma força inteligente de dimensões sobrenaturais deve ter atuado por detrás de toda mão de bridge.
A expressão 'princípio antrópico' foi cunhada pelo físico Brandon Carter, que formulou a hipótese de as coincidências antrópicas não são aleatórias, e sim planejadas. Há várias variações do princípio, inclusive uma que parece ser idêntica ao idealismo filosófico clássico: o universo só existe porque o percebemos. * Isto é verdadeiro, e extremamente profundo e trivial ao mesmo tempo.
Como não temos nada com o que comparar o nosso universo, no entanto, parece presunçoso afirmar que sabemos qual a improbabilidade estatística da ocorrência dos fatores que eram necessários para que ele existisse. E se houver muitos universos? O nosso poderia ser bastante comum e não exigir nenhum tipo de Ajustador Fino. Além disso, não parece implicar a existência de um projetista argumentar que existimos no único momento da história do universo em que podemos percebê-lo, e que se determinado número de fatores tivesse sido diferente não estaríamos aqui agora. Não implica a existência de um projetista o fato de que, bilhões de anos atrás, não poderíamos ter existido e tanto o universo como nós seriam um delírio então. Nem implica nada o fato de que, em poucos bilhões de anos, este planeta começará a morrer e, poucos bilhões de anos após isso, não haverá nenhuma possibilidade de vida aqui. No entanto, observar isso significa garantir que a pessoa não ganhará o Prêmio Templeton. Além disso, argumentar a favor de alguma variação do princípio antrópico quase que garante a um físico o prêmio "o maior prêmio existente por conquista intelectual". *
Você pode imaginar o número de probabilidades condicionais que teriam de ocorrer para que um sujeito da zona rural do Tennessee entrasse em Yale e Oxford, ganhasse bilhões desenvolvendo fundos mútuos e encontrasse cientistas dispostos a receber dele toneladas de dinheiro para tentar provar que a ciência apóia um mundo de espíritos, a despeito de evidências esmagadoras em contrário? Ainda assim, apesar das inacreditáveis probabilidades em contrário, isso aconteceu. E não parece tão incomum.

Extraído de: http://skepdic.com/brazil/antropico.html

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